ESCRITÓRIO AAA
Antonio Abrão Arquitetura

Após longa parceria no escritório do arquiteto e amigo Manoel Coelho, onde vivenciou um atelier de trabalho rico e colaborativo que integrava profissionais de arquitetura e design, se buscava um local para receber a sede da Antonio Abrão Arquitetura que tivesse características e qualidade espacial similares. Após intenso garimpo se encontrou o espaço ideal para abrigar a equipe, uma casa com alma e identidade própria, que respira e inspira arquitetura, implantada em uma das cumeeiras e pontos mais altos da cidade de Curitiba, curiosamente ligados por uma única reta a cerca de 1,5km do antigo escritório. A Residência Brik foi projetada em 1976, pelo arquiteto Roberto Luiz Gandolfi, um dos ícones da arquitetura modernista paranaense, preservando a volumetria original de um antigo sobrado de estilo europeu dos anos 40 e criando extensões que abrigam o restante do programa de necessidades das áreas social, intima e de serviços que atendiam a família. A tectônica e plasticidade modernistas da casa evidenciam o desenho das estruturas do telhado que repousam levemente sobre planos geométricos em alvenaria branca. O embasamento em pedra negra eleva a casa acima do nível da rua, cerca de 2,5m, garantindo privacidade em relação ao movimento dos carros e conferindo certa imponência ao conjunto. Para adequar o imóvel ao novo uso foram feitas intervenções mínimas, que procuraram respeitar e potencializar a espacialidade da casa e adequar as instalações e infraestrutura técnica para receber a equipe de projetos da AAA. Na sala principal, onde foram preservados o forro e o piso em tábuas de madeira peroba natural, uma pequena recepção acolhe os clientes e visitantes. Ali uma “sala aquário”, batizada de Biblioteca Manoel Coelho, presta uma singela homenagem ao antigo mestre, abrigando seu acervo de arquitetura nacional e internacional, com cerca de 2.500 livros e 3.200 periódicos, além de funcionar como espaço de reuniões e apresentação de projetos. A parede que divide o corpo principal da casa ao pavilhão dos fundos recebeu uma abertura, enquadrando e dando destaque para a escada helicoidal que interliga os pavimentos térreo e superior e também ampliando a conexão visual, ventilação e iluminação natural entre os ambientes. No piso superior, um sótão com estrutura em madeira aparente, recebe parte da equipe, que trabalha de forma integrada, sobre antigas pranchetas adaptadas como plataformas de trabalho e desfrutam das belas visuais, de um lado para o skyline da cidade e do outro para o bosque natural preservado do Parque Barigui e pôr do sol. No pavilhão dos fundos, antes área íntima, foram derrubadas as paredes de 3 quartos, criando um único espaço de trabalho compartilhado que se abre para o jardim dos fundos da casa. Nas duas pontas ficam os blocos de sanitários e salas privativas. Por todos os ambientes, livros e maquetes trazem a memória de projetos de destaque e referência, contando um pouco da trajetória projetual do escritório e reforçando sua atmosfera criativa. No jardim, em meio a árvores e araucárias, peças de mobiliário oferecem uma confortável pausa entre os projetos em desenvolvimento e momentos de descompressão, relaxamento e confraternização para a equipe.